sábado, 25 de junho de 2011

Carta - futuros namorados

Queridos namorados (eu e você),

Hoje assistimos a um filme precioso e quero deixar registrado um pouco das sensações que me povoaram e um tanto do que presenciei em nossos olhos.
Gostaria de assistí-lo novamente daqui uns anos para ver o que nascerá então dos nossos corações, podemos combinar isso, o que acha?
O casal do filme vive um período difícil de desencontros, de mudança, de mortes... Você sabe como isso faz sentido pra mim, né? Os finais, os ciclos, as mortes de tempos em tempos... O título em português é uma espécie de pegadinha... a mesma história que ficaram nos contando, enquanto crescíamos: de que "os opostos se atraem", de "viver feliz para sempre" e blá, blá, blá...
Ninguém nos disse que tudo acaba, tudo tem um fim, porque tudo tem um começo! Ainda que pareça óbvio, não é nada clichê. É quase cético e mal educado falar dessa forma...
No entanto, eu olho para isso e vejo riqueza, vejo brilho, vejo raridade. O filme é ousado, cru e delicado...
Um privilégio dar-se conta da morte. Antes dos 30 anos podemos contemplar esse ensinamento: da mudança, da impermanência, da transformação, da morte... ou de outros nomes que queira dar, mas olhar para o fim.
O casal na tela vive isso, eles não são mais aqueles de 5 anos atrás que cantaram e dançaram na rua, que se olhavam tão apaixonadamente e sem ar. Agora eles se esbarram e isso já causa desconforto.
Uma frase do filme ficou gravada (mais ou menos assim): "Como podemos confiar nos sentimentos se, de repente, eles desaparecem?"
Penso que é aí que está o mistério e a preciosidade toda: não vamos confiar em nossos sentimentos! Eles mudam... assim como o desenho das nuvens, que muda de acordo com o olho de quem olha, de acordo com a velocidade do vento...
Vamos confiar no céu! É dali que surge o vento, a nuvem, as cores, nossos olhos, as sensações... Há poucos momentos de céu liberto no filme... as paredes, a confusão e o ego impedem-os de ver além, de parar, de silenciar. É quase bobo ver que foi tudo construído, que a brincadeira era uma, daí mudou e eles não viram e estão lá se debatendo em jogos sem sentido. As discussões não fazem sentido! São vazias... o conteúdo é vazio, o que está transbordando é a energia de cada um e dos dois...
Uma imensa felicidade me invadiu quando os fogos começaram, nosso abraço me lembrou o abraço das relíquias: protegido, livre e presente.
Nesse momento não quero ver outra imagem, nem ouvir outro som... estou encharcada do cinema, da música, do sapateado, da Cindy, do Dean, de mim e de você. E fico aqui... sentindo tudo, até secar...

com amor confiante no céu,
assinado: Preta

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