segunda-feira, 11 de março de 2013

Carta - de nascimentos

 
Antonio, meu filho,

estamos nos gestando e os dias passam demorada e rapidamente... Digo isso porque é inevitável viver o seu crescimento sem notar minha transformação, meus nascimentos e mortes de expectativas e medos, de erros e acertos, de dualidades e de egos. E nessa paisagem, silenciar nos muitos sons que surgem, contemplar os movimentos e confiar no céu...
Seus movimentos são sentidos com muita atenção e repercutem emoções inexplicáveis por aqui. Dá uma vontade imensa de saber dos contornos dos teus braços, pernas, barriga, do seu rosto, do seu cabelo, do seu cheiro...
Percebo que não me sinto ansiosa e faço votos de que você cresça, se alimente, se desenvolva o tempo que for necessário e meu corpo possa te nutrir com muita honra.
Estou aprendendo a confiar em mim, em você, no teu pai... é como aprender a dançar: não dá para elaborar muito. Eu leio, estudo, ouço, mas são nos hiatos que a sabedoria brota além de mim, trazendo a luminosidade perfeita do mundo que é cada ser. É dançar... o corpo sabe o que fazer.
Também me animo ao olhar o mundo que vai te receber... a casa que moramos, as mudanças que teu pai tem feito para você conhecer e brincar, os cachorros lindos, as muitas árvores, os ventos, os pássaros, o gato, a chuva, o telhado verde, as terras, as plantinhas, as ervas, o calor intenso... A música, as danças, as brincadeiras, os abraços, o colorido, o dia, a noite... Nossa, a vida é tão cheia de mistérios e bonitezas que me alegro em saber que você vem para nascer nesse solo brasileiro lindo de tanta gente amada!

Antonio, meu amado, você já é muito bem vindo!
carinho,
assinado: Mamãe