domingo, 24 de janeiro de 2010

Carta - aprender

Querido dançarino e professor,

Quero lhe agradecer por todas as aulas. Lembro da primeira: seu jeito engraçado e forte, lembro de me perguntar se eu comia beterraba, mocotó ou vatapá, de mandar entreabrir os lábios, respirar. Eu precisava desenvolver força e conforto na força e você logo percebeu isso.
Nesse tempo em que aprendi contigo, saí das aulas com a sensação de saciedade. Andava pelas ruas saboreando esses momentos que ficavam ecoando pela noite de quinta-feira.
Faz tempo que quero compartilhar contigo essa admiração, mas me sentia encabulada. Hoje, ao saber que você ficará um bom tempo longe, chorei. E percebi o quanto te conhecer e fazer parte das suas aulas foi transformador.
Você é o professor em que reconheço as características que Paulo Freire defende como sendo essenciais para um bom professor: gosta de fazer e aprender, tem amorosidade ao ensino, é humilde e tolerante, coerente e manifesta esperança, no sentido de agir para modificar.
Essas qualidades são inspiradoras e levo comigo na vida, para minha sala de aula e com meus pequenos...
Eu acrescento mais uma qualidade: você é presente. Está inteiro e entregue. Está atento, dança lúcido. Essa presença em cada movimento, bronca e muita brincadeira gera sorriso, solidariedade, cooperação e leveza.

Querido professor, agradeço a oportunidade de conhecê-lo. Foi um prazer terno e imenso.
Que esse novo movimento em sua vida seja muito feliz e que você continue beneficiando muitos seres!

todo carinho e gratidão,
assinado: Eu - aprendiz